sábado, 6 de dezembro de 2008

ANTÔNIO CALLADO - CONTRA O ESQUECIMENTO: PRESENTE

Há uma advertência quanto temos um obra de Antônio Callado nas mãos, a saber: "Não basta ler o que ele escreve, é essencial observar COMO ele escreve." Tal frase foi pinçada na redação de um jornal por NÉLSON RODRIGUES e encontra-se em uma de suas crônicas / confissões presente em "ÓBVIO ULULANTE". Nós, brasileiros, temos um dívida eterna com esse homem que foi, além de magistral escritor, um dos nossos homens de resistência nos anos de conhecidos como de "Chumbo".
Antonio Carlos Callado nasceu em Niterói (RJ), no dia 26 de janeiro de 1917. Jornalista, romancista, biógrafo teatrólogo e bacharel em Direito, começou a trabalhar, como repórter e cronista, em O Correio da Manhã. (omissis) Aposentou-se como jornalista em 1975, mas continuou a colaborar na imprensa. Em abril de 1992 tornou-se colunista da Folha de S. Paulo. Além das atividades jornalísticas, dedicou-se sempre à literatura. Após seus dois primeiros romances, Assunção de Salviano (1954) e A madona de cedro (1957), nos quais persiste uma nítida preocupação religiosa a informar e até mesmo a condicionar o transcurso da aventura e a temática, Callado se encontra com os principais temas de sua obra através do jornalismo, e escreve livros de reportagem e obras literárias engajadas com as grandes questões de seu tempo. Entre os mais importantes, estão Quarup (1967), Bar Don Juan (1971), Reflexos do baile (1976), Sempreviva (1981), que apresentam um retrato do Brasil durante o regime militar, do ponto de vista dos opositores. Seu engajamento lhe custou duas prisões: uma em 1964, logo após o golpe militar, e outra em 1968, após o fechamento do Congresso com o AI-5.Teatrólogo, reuniu quatro de suas peças no volume A Revolta da Cachaça, em 1983. (omissis) Em 1958 recebeu, na Embaixada da Itália no Rio de Janeiro, a medalha da Ordem do Mérito da República Italiana. Em 1982 foi à Alemanha, como vencedor do Prêmio Goethe, do Goethe Institut do Rio de Janeiro, com o romance Sempreviva. Em setembro de 1985 recebeu, pelo conjunto de suas obras, o Prêmio Brasília de Literatura, da Fundação Cultural do Distrito Federal. Em outubro de 1985 recebeu, na Embaixada da França em Brasília, a Medalha das Artes e das Letras, das mãos do Ministro da Cultura Jack Lang; em maio de 1986, o prêmio Golfinho de Ouro, de Literatura, outorgado pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro; em 1989, o troféu Juca Pato, da União Brasileira dos Escritores, por ter sido eleito “Intelectual do Ano”.Eleito para a Academia Brasileira de Letras em 17 de março de 1994, Cadeira n. 8, na sucessão de Austregésilo de Athayde, foi recebido em 12 de julho de 1994 pelo acadêmico Antonio Houaiss.Era membro da The Corpus Association, do Corpus Christi College, Cambridge (Inglaterra). Faleceu no Rio de Janeiro (RJ), no dia 28 de janeiro de 1997.

Principais obras: Esqueleto na lagoa Verde, reportagem (1953); A assunção de Salviano, romance (1954); A cidade assassinada, teatro (1954); Frankel, teatro (1955);A madona de cedro, romance (1957); Retrato de Portinari, biografia (1957); Pedro Mico, teatro (1957); Colar de coral, teatro (1957);Os industriais da seca, reportagem (1960);O tesouro de Chica da Silva, teatro (1962); Forró no engenho cananéia, teatro (1964); Tempo de Arraes, reportagem (1965);Quarup, romance (1967); Vietnã do Norte, reportagem (1969); Bar Don Juan, romance (1971); Reflexos do baile, romance (1976); Sempreviva, romance (1981); A expedição Montaigne, romance (1982); A revolta da cachaça, teatro, reunião de 4 peças (1983); Entre o deus e a vasilha, reportagem (1985);Concerto carioca, romance (1985);Memórias de Aldenham House, romance (1989);O homem cordial e outras histórias, contos (1993).
"Texto extraído do livro “O homem cordial e outras histórias”, Editora Ática – São Paulo, 1993.)

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