sábado, 6 de dezembro de 2008

MANOEL DE BARROS - POETA DE TIRAR O CHÁPEU

Crédito: http://oglobo.globo.com/fotos/2008/03/17/17_MHG_manoel.jpg


Atendendo a um especial e oportuno pedido de minha comadre virtual das Gerais, quero trazer esse Poeta Pantaneiro para o mundo da "rede virtual" e levar ele depois com cada leito pelo universo mágico e lúdico dos seus belos versos.


Trata-se de Manoel Wenceslau Leite de Barros nasceu em Cuiabá (MT) no Beco da Marinha, beira do Rio Cuiabá, em 19 de dezembro de 1916, filho de João Venceslau Barros, capataz com influência naquela região. Mudou-se para Corumbá (MS), onde se fixou de tal forma que chegou a ser considerado corumbaense. Atualmente mora em Campo Grande (MS). É advogado, fazendeiro e poeta.

Escreveu seu primeiro poema aos 19 anos, mas sua revelação poética ocorreu aos 13 anos de idade quando ainda estudava no Colégio São José dos Irmãos Maristas, no Rio de Janeiro, cidade onde residiu até terminar seu curso de Direito, em 1949. Como já foi dito, mais tarde tornou-se fazendeiro e assumiu de vez o Pantanal.

Seu primeiro livro foi publicado no Rio de Janeiro, há mais de sessenta anos, e se chamou "Poemas concebidos sem pecado". Foi feito artesanalmente por 20 amigos, numa tiragem de 20 exemplares e mais um, que ficou com ele.


Nos anos 80, Millôr Fernandes começou a mostrar ao público, em suas colunas nas revistas Veja e Isto é e no Jornal do Brasil, a poesia de Manoel de Barros. Outros fizeram o mesmo: Fausto Wolff, Antônio Houaiss, entre eles. Os intelectuais iniciaram, através de tanta recomendação, o conhecimento dos poemas que a Editora Civilização Brasileira publicou, em quase a sua totalidade, sob o título de "Gramática expositiva do chão".

Hoje o poeta é reconhecido nacional e internacionalmente como um dos mais originais do século e mais importantes do Brasil. Guimarães Rosa, que fez a maior revolução na prosa brasileira, comparou os textos de Manoel a um "doce de coco". Foi também comparado a São Francisco de Assis pelo filólogo Antonio Houaiss, "na humildade diante das coisas. (...) Sob a aparência surrealista, a poesia de Manoel de Barros é de uma enorme racionalidade.

O diretor Pedro Cezar filmou "Só dez por cento é mentira", um documentário sobre a vida do poeta que lançado no primeiro semestre de 2007. O título do filme refere-se a uma frase de Manoel de Barros: "Noventa por cento do que escrevo é invenção. Só dez por cento é mentira".

Um homem catava pregos no chão. / Sempre os encontrava deitados de comprido, ou de lado, / ou de joelhos no chão. / Nunca de ponta. / Assim eles não furam mais - o homem pensava. / Eles não exercem mais a função de pregar. / São patrimônios inúteis da humanidade. / Ganharam o privilégio do abandono. / O homem passava o dia inteiro nessa função de catar pregos enferrujados. / Acho que essa tarefa lhe dava algum estado. / Estado de pessoas que se enfeitam a trapos. / Catar coisas inúteis garante a soberania do Ser. / Garante a soberania de Ser mais do que Ter.
"O CATADOR - Tratado geral das grandezas do ínfimo, Editora Record - 2001, pág. 43.)

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